Monday, March 23

Viagem


Cursor piscando (já devo ter dito isso alguma outra vez)... Mão no lábio inferior, uma respirada consistente de quem se recupera de tosses e nebulização. Livros.

Poucos livros porque não adianta: gosto de protegê-los e mantenho guardado os que já foram lidos, fora da visão de pessoas que pediriam emprestado, longe da poeira, para não perder o cheirinho de livro.

De volta para o computador. E alguma coisa parece ter sido escrita... Deve dar umas dez linhas... Pela brecha da porta entreaberta do quarto, uma transeunte atrapalha meu raciocínio vez ou outra, mas eu não pareço muito interessada no que diz e acho que já não lembro de suas palavras.

Inspiro. Uma música de fundo. O painel azul, cheio de estrelinhas e papeis que não deveriam estar lá. Gata na brecha da porta. Siamesa, curiosa e assustada. Orelhas arrebitadas. E some.

Pausa para ler o que foi escrito. E gosto. Acho que vou continuar... A música termina e uma melodia suave já está nos meus ouvidos... Vou embora.

O lago brilha e existe uma névoa que realça os raios do sol que atingem essa natureza verde. Poderia ter asas, mas ainda prefiro evitar mudanças. Estou ferida, machucada, mas pareço saudável. Meus olhos não conseguem abrir direito. Tento me levantar e o corpo inteiro dói, feridas ardem. Tenho ataduras, minhas vestes estão sujas de sangue e meus lábios ressecos.

Meu cabelo parece não saber o que é um pente há um bom tempo e descubro que não estou sozinha. Olhares diversos, olhares coloridos, olhares amáveis parecem felizes por estarem me vendo gemer.

Não consigo respirar fundo como antes e acho que alguém pronuncia alguma coisa sobre "costelas quebradas". Mesmo assim, já estou sentada, enchergo meus pés com certa dificuldade e não entendo nada a minha volta.

Um cheiro doce... e quente...



Eu não quero voltar.

Adeus.



Forgiven - é tudo que sei. Eu acho que essa trilha sonora que baixei é uma reunião de várias músicas de trilhas distintas. Foi graças a ela que o post saiu.

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