Monday, August 31

Sem teorias

O que tem do outro lado do céu?
O avesso do verso?
Averso?




Cheguei a conclusão de que se encarar no espelho não é uma tarefa difícil, como algumas pessoas costumam dizer que é. - "Reconhecer os erros cometidos ou situações que não se quer reviver."

Conversa fiada! Afinal de contas, você não está encarando a si mesmo. A visão que se tem do espelho não volta direto para si mesmo. Não é como arrancar os olhos das órbitas.

E, sabe-se lá o que aquela criaturinha que mora no inverso perfeito de tudo que você vive aqui é capaz de imaginar de nós, do lado de cá, no eSPELHO iNVERSO, face de nossa própria consciência.

Ótimo setembro para todos!



Halo - Beyoncé (é o tipo de música que você canta junto...)

Monday, August 17

Simetria textual



As linhas do meu caderno eram sugestivas. Me davam espaço e liberdade para escrever sobre tudo. Assustou. E tinha uma idéia desconexa em mente sobre as pessoas, não coisas, que pensamos antes de dormir - sejam elas agradáveis ou não. Concluí que a melhor das opções, já incluindo as que não escrevi, mas pensei, era descrever a beleza no trajeto até a construção desse texto.

"Desliguei a TV - achava que passava das duas horas da manhã, mas nem era meia-noite. Escovei os dentes - lembrando de como tomei vinho branco ontem à noite. Beijei minha gata - desejei boa noite imaginando se miaria depois que fechasse a porta do meu quarto.

Peguei o caderno e a caneta - sabia que alguma coisa estava cozindo. Lembrei da mentira que inventei para domingo - e coloquei minha caneca de lápis colorido na frente do monitor para não esquecer.

Tranquei a janela do quarto - imaginando se alguém, qualquer um - estaria pensando em mim naquele instante.

Então decidi o que seria: a existência. - Até que ponto deixamos de ser alguém se ninguém pensa em nós?

Queria filosofar, mas encontrei um pêlo de gato sobre minha pele que não senti que estava lá até vê-lo.

E, de alguma forma, poderia jurar que tudo estava justificado."

Não quis perder mais tempo e fui ler.



Halo - Beyoncé (ela nasceu no mesmo dia que eu. Estou pensando seriamente em me tornar cantora... Fazer uns bicos na MTV, ganhar uma bufunfa...).

Sunday, August 9

Sonho FAL.351-A


Era adolescente, mas não lembro quantos anos tinha; se era tímida ou destemida, cheia de sonhos ou depressiva. Também não sei dizer o mês... Março? Dezembro? Setembro – verão? Primavera? Tarde ou noite?

Estava deitada – aparentemente sonhando. Meu antigo apartamento, no antigo quarto, com antigos móveis. Estátua dorminte – respirava lento. Chovia suave, ventava muito. O céu estava do jeito que gosto – cinzento – e minha janela completamente respingada.

Uma gota particular era povoada. Enquanto as outras refletiam o céu nublado, aquela parecia preenchida por um arco-íris surreal – de poucas cores. Me aproximei curiosa, olhei dentro da gotinha como se espiasse pelo buraco da fechadura. No instante seguinte, estava do outro lado.

Tinha uma floresta à esquerda e um belíssimo lago do outro lado. Fiquei admirando, entretanto, a casinha de palafita – feita de madeira forte, com uma janelinha. Queria subir na pequena moradia – e será que seria tão bom deixar de admirar para conhecê-la por dentro?

Não consegui decidir a tempo de acordar.



Acabei relembrando coisas do passado enquanto ouvia ANGEL da Sarah McLachlan [lembro de quando conheci Sthenio, Sthevan e Julianna], CALLING ALL ANGELS do Lenny Kravitz [Lembro de Xavier - inevitável!] e ROSIE'S LULLABY de Norah Jones [Kleber, que me apresentou a música no ano retrasado].

Tuesday, August 4

Noite infeliz


A angústia começou quando escureceu – mantive a eletricidade daquela manhã. O sangue corria trêmulo, como se escorregasse excitado num tobogã de euforismo desaguante – eu queria continuar gastando energia.

Contra minha vontade, tapei a passagem de gritos e abafei risadas que não pularam de mim. Era como um passarinho numa gaiola aberta – queria voar, mas não tinha para onde ir.

Surgiram úlceras. Inquietude, incompletude. Chegou a coçar. Doía. Fiquei assim até me cansar de ter cansado porque não conseguia cansar. A TV piscou depois das 23h com uma bobagem... Esta mesma porcaria foi minha alforria por duas horas.

Quando os créditos estavam na tela, voltei a minha impaciência, mas já era tarde demais. Ninguém cantava Roberto Carlos no karaokê do vizinho. Os adolescentes não se exibiam ou falavam besteira no salão de festas.

Estava sozinha. Depois de tanto tempo, minha própria companhia não foi suficiente. Meu cheiro não me satisfez. Desejei alguém abstrato, com pouquíssima excentricidade.

Apaguei a luz da sala, escovei os dentes, lavei o rosto e fiquei me olhando no espelho. “Quanta baboseira a gente planeja quando assiste uma comédia romântica”. Deitei na cama e comecei a escrever. Não lembro como dormi, mas não queria fechar os olhos.