Ela entrou no shopping e correu no banheiro. Lavou as mãos antes de continuar o passeio (não tinha um tique nervoso, mas gostava de lavar as mãos). Aproveitou para checar a maquiagem (que usava para ressaltar o que tinha de bonito, não para esconder seus defeitos).
Não demorou até que outra mulher entrasse... Ela aproveitou o embalo e saiu sem pegar na porta. (E mais uma vez, ela diria que não é tique, é lógica e esperteza!) Caminhou sem pressa em direção à praça de alimentação... Tinha um encontro, mas estava adiantada.
Olhou algumas promoções... Não se interessou por muita coisa. Na realidade, quando o espírito não estava preparado para as compras, era realmente difícil sofrer a persuasão das vitrines. As únicas lojas que mantinham a magia eram as livrarias, mas ela não encontrou qualquer delas pelo caminho.
Não estava nos melhores dias... Estava desanimada e se forçou a sair de casa e aceitar o convite. Sozinha, sentada e perdida numa das dezenas de mesas espalhadas e envolvidas por diferentes culinárias, ela encarou as próprias mãos.
Antes de sair, pintou as unhas em casa e fez alguns bifes... Não ardia, mas alguns dedos estavam avermelhados. Sorriu internamente - era mesmo desastrada - ! Tinha mãos magrelas, esqueléticas, mas gostava delas. Achava uma das partes mais bonitas de seu corpo.
As palmas não eram ásperas... Eram bem frias, amareladas... "Essa deve ser a linha da vida (bem curta, por sinal). Se existe linha do amor, não vou perder o meu tempo procurando... Não devo ter. Hum..." Então se perguntou sobre os próprios pensamentos.
Celeste tinha o costume de olhar para a palma das mãos quando estava passando mal. Fosse por causa de uma enxaqueca, por causa de uma queda na pressão... Ela sempre olhava para as palmas das mãos. Às vezes, bastava ter um sonho muito louco, um pesadelo... Lá estava ela, olhando para as linhas do destino.
Ela nem sentiu, mas tinha uma expressão bem séria, o cenho estava franzido e ela encarava as palmas das duas mãos. Seus olhos corriam da esquerda para a direita... E de volta para a esquerda... "Curioso", ela pensou. "Afinal de contas, o que busco nas próprias mãos?"
Mas alguém vendou seus olhos e interrompeu o resto: "se adivinhar quem é, vai ganhar um beijo!"
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