Quando foi mesmo que achei que a vida dos escritores era divertida, e decidi por me tornar uma também, hein? Como foi que eu descobri mesmo que nasci para escrever livros?... Às vezes parece que tudo é muito fácil, mas a minha escolha é uma opção muito autoflageladora (e eu nem sei se é assim que escreve!).
Durante esses anos de escrita, descrições, narrativas (...), acabei chegando numas conclusões bizarras sobre esse processo criativo. Ontem à noite, fiz questão de enumerar e anotar algumas dessas enfermidades. Segue:
1) Todo escritor, ou sua grande maioria, cria mundos/universos onde gostaria de morar que não é o seu de origem (uma frustração);
2) Todo escritor, ou sua grande maioria, é solitário, e apesar da pouca aventura vivenciada, carrega mais dramas vividos que todo o continente africano;
3) Todo escritor, ou sua grande maioria, gostaria de ser o personagem principal de sua obra, mas não é, o que acaba gerando uma espécie de inveja psicológica que parte do próprio criador;
4) Todo escritor, ou sua grande maioria, atravessa inúmeras guerras internas – quando não estouram numa depressão filhadaputa, se transformam em ansiedade, insônia, dependência química (café e chocolates) ou alguma coisa no estômago (ex: gastrite);
5) Todo escritor, ou sua grande maioria, acha que a vida perde o sentido quando não está escrevendo ou produzindo... entra numa espécie de “nadismo negativo” da criatividade;
6) Todo escritor, ou sua grande maioria, sofrerá de amor pelo resto da vida. É uma droga que nunca parece fazer bem – se consegue a pessoa desejada, a vida fica certinha e sem graça; se perde ou não conquista, é àquela lamentação mortal;
7) Todo escritor, ou sua grande maioria, sonha demais, vive muito pouco, tem pouquíssimos amigos do peito ou que leriam suas histórias (de fato), mas geralmente gozam disso como se fosse a visão dos céus;
8) Todo escritor, ou sua grande maioria, não tem prazo para finalizar suas obras, é chefe de si mesmo e geralmente acha que nunca vai terminar o que gostaria de escrever;
9) Todo escritor, ou sua grande maioria, ganha muito mal e sonha com um lugar entre os dez mais vendidos no mundo;
10) Todo escritor, ou sua grande maioria, tem amnésia porque não está completamente fixado nesta realidade. Tudo que ele faz é especular como seriam as coisas se tivessem acontecido de maneira diferente (aí ele cria uma nova história...);
11) Todo escritor, ou sua grande maioria, sente necessidade de extravasar. Até dizem que vão fazer isso. Mas nunca o fazem. Sempre acontecerá uma coisa para impedi-lo;
12) Todo escritor, ou sua grande maioria, vive no blog ou no MSN, mas não está satisfeitos e a internet é uma dependência (codenome chatiação);
13) Todo escritor, ou sua grande maioria, sente a incompletude;
14) Todo escritor, ou sua grande maioria, acha que seus bichinhos de estimação são as únicas “pessoas” (é: “pessoas”!) capazes de entendê-los;
15) Todo escritor, ou sua grande maioria, poderia passar horas filosofando coisas estranhas – como gotas de chuva ou poeira (!) no reflexo dos raios do sol;
16) Todo escritor, ou sua grande maioria, sofre e se orgulha (em doses idênticas) de todos os defeitos que trazem em suas personalidades. Acreditam na importância deles para a trama da história que vivem neste mundo/universo em que foram inseridos... e se conformariam mesmo que o final fosse trágico, sem publicações nas prateleiras.
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