Saturday, June 27

Entre as linhas

das palavras. Liberta.


Tinha fugido do sono. Como se não desejasse encarar o tormento da noite silenciosa - aquela que escuta todos os problemas que você não quer pensar, não diz absolutamente nada e, mesmo assim, parece dar os melhores e mais doloríveis conselhos do mundo.

"Considero injusto o caminho que algumas coisas seguem, porque é como uma consciência ignorante - nasceu uma árvore que só dava mangas murchas. Por que culpar o jardineiro que tinha esperança e quis tentar? Ou, por que sacrificá-lo quando se cansou de trocar o adubo e desistiu?"

Já no dia seguinte, fiquei recostada, olhando minha cortina azul enquanto abocanhava a tampa da caneta, imaginando o que iria pensar e dizer na linha seguinte. Me perdi fantasiando as entrelinhas de minhas próprias palavras. Como uma receita milagrosa, de - dentro - para - fora.



Se não quiser o bem, também não faça o mal. Welcome to my world! Se não aceitam, que se deixe em paz, Tormentos. Demônios.



Fuck It - Eamon

Friday, June 26

À caminho de Seiláoquê


Sabe a Névoa? Filha da Neblina, Irmã da Bruma, sobrinha do Calafrio, neta do Inverno?

Estou conhecendo...

Me sugou por inteira.

Até chegar neste ponto, foi uma dura batalha entre "voltar" ou "seguir em frente". Lembro que parei bem no meio e estiquei os braços para alcançar melhor os dois espaços.

O caminho por onde andei, de onde vinha, era aquecido, verão, ensolarado... A luz doía nos olhos de tão claro.

O lado para onde tinha que seguir era turvo, sombreado. Esfriava o tempo inteiro. Senti que enrijeceu meus dedos e meus cabelos. Embranqueceu minha pele, ressecou meu rosto.

Mas alguma coisa dizia que deveria continuar. Outras vezes, inclusive, amedrontada (porém curiosa) pulei fora e de volta para dentro do caminho de onde viera.

Queria muito ficar ali! E me plantei como árvore! Sabe? Tinha energia para viver bem! Por que me arriscar?

Criei raízes! E não pude fazer mais nada... Como uma história que ninguém mais escreve. Como um personagem atirado na lata do lixo. Como autora de meu próprio destino, simplesmente havia escolhido parar porque de onde vinha, o que vivera, parecia suficiente.

Mas não foi. A luz enfraqueceu, algumas flores dos arredores murcharam e comecei a perceber que a névoa estava se aproximando de mim porque ela queria me pegar de qualquer jeito. Pior que isso: ela tinha que me pegar de qualquer jeito.

Então entendi que não se tratava de mim... Nem daquela fase turva... Mas da minha estrada. Eu só tinha aquele caminho, aquela direção. E, num determinado momento, não conseguiria mais enganar meu destino.

Está muito embaçado. Tentei correr, mas não consegui (tudo bem, trata-se do tempo alinhado com o tempo).

Tem sido assustador. Mas, agora pouco, encontrei um arco-íris! Na ponta mais próxima tinha duas safiras no chão. Quando me baixei para apanhá-las, percebi que não eram pedras, mas os olhos azuis de Ramza (minha gata siamesa de estimação), que me acompanhava silenciosa e sorrateira.

Tenho medo do que vai ser e como vai ser, mas não estou sozinha e para além de "arriscar", foi necessário.

Friday, June 5

De lá pra cá?



Era desajustada. Tropeçava nas próprias pernas. As calças eram curtas e o cabelo desgrenhado. Algumas espinhas aparentes, óculos que não embelezavam e um coração envolto por camadas "inatravessáveis" (ainda que a expressão não exista, porque gostava de inventá-las).

Já amava as palavras, mas ainda era um sentimento involuntário. Depois, em contato direto com regras e formalidade, instalou-se o medo. Havia um universo capitalista regido pela disputa. De homens gigantes com passos largos, medonhos.

Escondeu-se debaixo da cama, estava muito assustada. Era presa fácil na terra de vilões. Chorou pouco tempo... Até resolver caçar também. Passou meses questionando o sistema... E não chegou a qualquer lugar.

Colocou as mãos na cintura, bateu o pé, franziu o cenho, viu que não estava onde planejara, apenas imitava a maioria – era arrastada diariamente pelo tempo.

Resolveu lutar contra a maré... Virou um peixe solitário, mas estava acompanhada por outras sardinhas e golfinhos que também nadavam sozinhos.

Na areia da praia, viu que o mar era uma miragem e estivera numa poça de lama – não havia oceano algum! E já crescera tão mais! O mundo ficou pequenininho, os monstros eram menores ainda, suas vozes inaudíveis.

A paciência foi o único verdadeiro preço pelo qual teve que pagar... Então, concluiu que nada realmente mudou no mundo, nas poças, nos vilões ou golfinhos... Seus mais profundos desejos é que cresceram demais... E absolutamente nada seria capaz de limita a realização deles.



Lara Fabian - qualquer música! AMO!
Venci um concurso de fotografia!