Wednesday, September 16

Quando fico assim,


me imagino no quintal, nos fundos daquela casa antiga. A residência é desimportante porque o foco está do lado de fora, ainda que dentro (se é que você me entende).

Encontro tijolos... Alguns inteiros, outros nem tanto. E lá está a meta: um muro, a parede que delimita essa moradia em que me encontro.

Começo a gritar. Muito. Cuspo a maior raiva, no melhor grito. Minha cabeça vermelha, placas róseas se espalhando pelo tórax, braços terrivelmente rígidos.

Respiro menos do que deveria e volto a gritar. Muito mais. As veias do meu pescoço estão largas e salientes - você poderia jurar que enormes serpentes estão explorando o meu corpo por dentro.

Então, cansada, depois de ter expulsado todos os pássaros da floresta próxima, no meio do silêncio inafetado, lanço esses mesmos tijolos na parede. Com toda minha força.

E não faço questão de machucar o muro. E nem de me ferir com pedaços espatifados - porque é tudo que desejo. Que ceguem meus olhos, rasguem meu corpo, ensanguentem, aliviem essa puta agonia que me tem sido viver.

E não somente,
mas plenamente.

No comments: