Sunday, December 4

Celeste e seu não-querer


Ela tinha se acostumado a não fazer, em absoluto, o que não tinha vontade. As vírgulas, neste caso, eram muito poucas... Trabalho, família... Vocês devem imaginar.

Entretanto, certa manhã, agarrada a uma caneca de achocolatado gelado e seu enorme saco de rosquinhas, fuçando seu Facebook porque não planejava sair de casa, desejou sem querer.

Na hora, inúmeros taxadores apareceram justificando "porque não fazer", e por algum motivo, ela não queria fazer também! Mas no seu interior, uma voz pedia, desesperadamente, que fizesse!

Por alguns milésimos de segundo, a confusão era um redemoinho caótico em crescimento no seu inconsciente. Depois, ficou tão grande que a razão mandou um aviso... e ela começou a pensar.

Debulhar-se, levando o signo analítico em questão, era tão gostoso quanto comer um jambo doce na infância (em suma: ela adorava), então, começou a buscar, não uma explicação, mas uma nova hipótese de sê-la.

Complicado? Ela não achava que estava com tempo extra para filosofar a respeito da lógica disto, então, passou os minutos seguintes questionando e realizando pontes justificáveis entre seu passado e seu futuro, com prazer.

Os tópicos surgiram como se fossem perguntas. E ela respondia, como aluna aplicada. Gostou daquilo, continuou feroz. No meio do processo, resolveu anotar para não esquecer e, acabou se lembrando de mais uma descoberta recente: mude o padrão.

De repente, a conexão ficou perfeita! Imaginou o cérebro num estado alfa, omega, beta (...), onde todos os hyperlinks, por alguns minutos, conseguissem estabelecer conexão perfeita, como se a natureza fosse capaz de enviar um aviso de que o caminho estava certo!

A mensagem tinha alcançado plenitude. "Mude o padrão!" Mu-de o pa-drão! Mudar o padrão, mudar - o - padrão, mu-dar - o - pa-drão! Fazer o que não tem vontade, dar a chance, abrir uma janela para outro lado, pensar diferente, sorrir à possibilidade de não ser o que foi esperado.

... Nunca é tão fácil quanto se imagina, - ela pensou enquanto terminava de fazer mais uma anotação no seu caderninho/guia de sobrevivência, que ela apelidara de "manual particular de vida") - mas, se, estranhamente, tenho este sorriso no rosto, acredito, sem qualquer dúvida, que acertei em cheio.

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