(Life of Pi, Ang Lee, 2012)
Faz teeempo que não arrisco um desses, né, gente?
Quando ficar velha, escrevendo poemas nas paredes do azilo com fezes, gostaria de assistir a este filme com a mesma frequência com que devo me perder nas cenas de "Brilho eterno de uma mente sem sembranças", "Titanic", "A vida de David Gale" e tantos outros! Explico rapidamente: entrou na lista dos queridinhos.
Quando vi o trailer, achei que o filme era mais viceral - confesso. Imaginei que o personagem principal lutasse o filme inteiro pela aceitação do tigre Richard Parker. Mas a verdade é que tudo parece muito bem "resolvido" nas primeiras cenas.
Tenho certo apego a felinos, então deve soar clichê se disser que todos os apelos presentes - de morte e amor - pela vida, pela necessidade de sobrevivência alheia, resultaram numa esfera muito mais surpreendente que aquela tal "viceral" que imaginava do trailer.
A luta pelo espaço no barco basicamente não existe. A possível proposta para dividir o espaço também não é contexto do filme. Os passos do longa-metragem giram em torno da aceitação, do que pode/deve (ou não) ser feito à natureza. Permissão. É uma lição de respeito abstrato, inalcansável, in do má vel.
A fotografia de "As aventuras de Pi" é prova de que, apesar de todo e qualquer efeito especial, a natureza tem sempre um reflexo que não se iguala aquilo que podemos modificar. O belo, na justificativa mais artística, é puro reflexo do bruto, intocável, "que permanece não afetado pelo que possamos dele pensar". Sábias palavras do meu idolatrado Peirce!
Mychael Danna, que já conheço pelos arranjos feitos no seriado Medium, não deixa nem um pouco a desejar quando beberica de melodias indianas para compor uma trilha sonora tão forte e sensível. Quem estiver interessado pode ouvir tudo aqui.
É um filme que ensina sobre respeito, sobre paciência. Sensível. E que merece ser visto por todo mundo. Recomendo!
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