Thursday, May 28

Adormecendo...


Estou escutando a chuva lá fora... Imaginando pingos d'água se espatifando na saliência do mundo. Encaro o teto branco no escuro do quarto pouco iluminado e, sabendo que respirar é uma atividade involuntária, não me preocupo.

Então, recostada na minha cama, desapareço.

Parte de mim se desprende da escravidão racional. Meu inconsciente é sedutor, me droga, grita em silêncio, machuca sem dor, brilha sem luz.

Estou no devaneio. Aquela infinita gama possível. Me cega, me aprisiona de qualquer certeza, me enche de relativismo.

O terceiro estágio é faceiro porque você volta. A gente sempre retorna. Sabe dizer como foi, como atravessou a lógica e alcançou o inconsciente. Mas não entende como reverteu o processo.

E nem dá... Não racionalmente.

Você pode continuar tentando descobrir... Ou lembrar que a chuva parou, seu teto nem é tão contemplável assim e dormir parece uma ótima idéia... Ainda que não seja.



Ainda com Dancing - Elisa.

Friday, May 15

Filosofia da cortina


Você já reparou no segredo inalcansável? Aquele que se movimenta através da cortina, no arcaico cinema de sombras projetadas pela cidade, depois da janela, no mundo, para você!

Atinge as suas possibilidades sensoriais e é especialmente inquietante, chegando no sexto (sétimo?) sentido, brincando de cores numa tela revestida com pinturas dos dias anteriores.

Magia! - Com olhos iluminados, brilhantes.

Alguém já deve ter dito que o sucesso de uma estrela depende do adeus todo poderoso do sol... E assim valorizaremos a cortina! Aquele pedaço de pano, fechado, escondendo a luz, fazendo charme, burlando o cotidiano.

É melhor que assistir tv, ora essa! Se você cansa do canal daquele recorte da vida real, você procura outro lugar, outra visão, outras ventanias! Muda a paisagem, felicita pingos de chuva cor-de-cócegas que respingam do parapeito direto para o seu sorriso.

Ah, o teatro da vida! "Da janela para o mundo"!

Aplaudir o canto dos pássaros, franzir o cenho quando escutar uma péssima regência da orquestra de um trânsito parado... Analisar esta caótica organização universal...

Parei. Decisão tomada pelo tempo - esse indeterminado tempo.

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Hoje não abri a cortina para ver a peça do mundo! A cortina se abriu para que o mundo assista a minha estréia.



Para escrever o post: Alone At Night - The Curious Case of Benjamin Button Soundtrack; porém, tem uma música que não me canso de ouvir diariamente - e que gostaria que aproveitassem também. Se chama Dancing - Elisa.
Recado: e não era medo. Precisava desafiar minha própria capacidade. Não que seja uma coisa de "ohhh!", mas é realmente importante ser melhor do que si mesmo. Não que esteja tentando imitar minha própria criatividade. Ainda prefiro o que me é competente como base para ser melhor do que sou... e ter "criativóides" como servos de meu desafio. (Se a carapuça serviu...)