Wednesday, September 16

Quando fico assim,


me imagino no quintal, nos fundos daquela casa antiga. A residência é desimportante porque o foco está do lado de fora, ainda que dentro (se é que você me entende).

Encontro tijolos... Alguns inteiros, outros nem tanto. E lá está a meta: um muro, a parede que delimita essa moradia em que me encontro.

Começo a gritar. Muito. Cuspo a maior raiva, no melhor grito. Minha cabeça vermelha, placas róseas se espalhando pelo tórax, braços terrivelmente rígidos.

Respiro menos do que deveria e volto a gritar. Muito mais. As veias do meu pescoço estão largas e salientes - você poderia jurar que enormes serpentes estão explorando o meu corpo por dentro.

Então, cansada, depois de ter expulsado todos os pássaros da floresta próxima, no meio do silêncio inafetado, lanço esses mesmos tijolos na parede. Com toda minha força.

E não faço questão de machucar o muro. E nem de me ferir com pedaços espatifados - porque é tudo que desejo. Que ceguem meus olhos, rasguem meu corpo, ensanguentem, aliviem essa puta agonia que me tem sido viver.

E não somente,
mas plenamente.

Monday, September 7

Antes


Quando paro e penso no passado, acho que cresci rápido demais. Ou, na pior das hipóteses, não cresci, o tempo é que se esvaiu depressa.

Parece que não brinquei de bonecas o tempo suficiente. Nem joguei queimado ou andei de bicicleta com a frequência que merecia.

Dizem que as horas, os dias e os anos podem ser amigos e inimigos, dependendo unicamente da situação em que nos encontramos.

Pouquíssimas vezes consigo enchergá-lo como mocinho. Na hora da saudade, especialmente, ele é muito gostoso e minha mente se perde no que foi bom.

E vilão, ah, maldito, sempre o é. Quando preciso encarar 24 anos de idade, as responsabilidades que a fase me traz, os planos desencaminhados...

Eu não acho justo ver a vida que não vivi sendo jogada para trás, sem recuperação. Porque não posso arquivar o tempo perdido para utilizá-lo mais tarde?

Nunca fui rebelde, abracei inúmeras causas infundadas, chorei pela pouca experiência diversas vezes, acreditei no "para sempre" debilmente...

Beijei quem não deveria, entreguei meu amor completo para uma ilusão, me transformei numa profissional frustrada.

Fui desviada várias vezes do trilho de meu trem. Meu sonho maior requer o que menos tenho, a paciência, e todo o resto se mantém estático.

De propósito porque não controlo. E descarrego adrenalina dentro do tédio e essa mesma calmaria não me deixa gritar ou dançar.

Quando foi que a música parou?

(E depois? Que depois? É agora! E não tenho tempo para essa baboseira de quem fala demais e faz de menos. ESTOU VIVENDO, DEIXA RECADO - respondo quando puder!)

Friday, September 4

De 1984


Sentei na cadeira do computador (mentira, sequer saí dela) e rabisquei umas coisas no bloco de notas (queria muito postar uma coisa nova!). Fiquei pensando em deixar uma música, ou cantar parabéns para mim mesma, mas eu achei clichê.

Então, vamos a graça disso tudo: OBRIGADA, Deus! Pela família que tenho, pelos amigos que ficaram, pelas pessoas que conheci, pelas atitudes que tomei, pelas risadas que dei, pela pessoa que me tornei, pela história que vivi - e estou vivendo -, pelas lágrimas - e todo aprendizado -, pela esperança, pelo sonho, pelas cores, pelos animais de estimação, pelas palavras, pela honestidade, pela verdade, pela reciprocidade de tudo que faço de bom, pelas oportunidades, pelas desistências - que se revelaram desimportantes -, pela segurança, pela ausência - que se completou de outra maneira -, pela crença na fantasia, pelos 25 anos de vida!

PARABÉNS PRA MIM!



You Deserve to be Loved - Curti Stigers

Thursday, September 3

Texto de nãos



Fui dormir antes da hora. Optei por ouvir música. – Minhas desculpas eram plausíveis: o home theater não leu o DVD e eu estava com preguiça de importar o outro seriado para um pen-drive.

Por quatro segundos, me perguntei se era real. Geralmente ajo dessa maneira quando quero perder algumas horas pensando em alguém. Mas eu nãonão gostei da brincadeira que me fiz, como não me respondi e me ignorei.

O meu quarto nunca ficou tão assustador depois que o meu coração acelerou e minha respiração travou. Aquele escurinho acolhedor era medonho, me sentia tão indefesa!

E aquele aparelho idiota, o MP3, mesmo no volume máximo não sufocou meu desejo! “Ah destino traiçoeiro! Palhaço de circo! Por que não me deixar na companhia de minha sombra?”

Fiquei me cutucando daquele jeito irritante! Tamanha ousadia! Não adianta, Xavier – que sabe que não é ele – e pouco importa se o que sentimos é recíproco ou verdadeiro! Porque eu não quero! E mesmo que jamais prove teus lábios, que morra frustrada, não faço questão!

Ainda que te sonhe, vou afogar! Por mais que angustie, sofrerei! Mesmo que sangre, vou deixar arder! E não importa quanto tempo dure, vai passar! Tenho considerado, INCLUSIVE, essa conexão uma artimanha premeditada de meu abstrato desconexo porque estes dias não escrevi – ou só tive medo de ser objetiva demais.

Nunca neguei tanto. Nunca odiei tanto saber que amo demais. Nunca sofri tanto porque sei que vou continuar sofrendo – que seja sim, que seja não! E é tão absurdamente enlouquecedor que, algumas poucas vezes, tenho vontade de apontar as entrelinhas mentirosas de meu próprio texto, revelando algum segredo, MAS EU JAMAIS FARIA ISSO. Que se mate na dúvida!

Desculpe porque sou eu,
desculpe porque é você
– porque ele definitivamente sabe
que não é ele.



You Deserve to be Loved - Curti Stigers
 Desculpem pela hora da postagem e pelo texto desconexo. Alguém já ouviu falar na expressão "filme de autor"? É quando um diretor faz um vídeo que só terá um real entendimento (ou fará algum sentido plausível) pra ele mesmo. Esses escritos de hoje tem mais ou menos a mesma proposta. Depois de passar três horas embolando na cama, resolvi colocar pra fora uma determinada úlcera - se é que me entendem - que não preciso (e nem quero) que ninguém entenda, mas leia e me alivie.
3) Hoje, meu blog é uma lata de lixo: dia 4 de setembro vai nascer um sol diferente, mesmo que chova. E ME será um novo ano. Que o blog apodreça esta situação que estou jogando fora! É completamente infeliz.