Sunday, January 22

Celeste e seu final de semana chuvoso


Ela foi na cozinha... Encontrou o resto da batata frita seca, sem gosto. Enfiou na boca fazendo uma careta. Era ruim, mas era gostoso. Olhou ao redor, a cozinha estava organizada até encarar a pia de pratos e ver a louça para lavar.

"Ah!", foi tudo que pensou. Pegou uma caneca suja, cheirou e viu que bebera água ali. Abriu a geladeira, pegou a jarra de suco, despejou e voltou para o computador. Estava jogando The Sims 3, achava estúpido até, mas não queria ver um filme e continuou.

Lembrou da gata de estimação... Procurou por ela... E encontrou só um pedacinho de sua orelha para fora da fronha do seu travesseiro. "Mas eu não acredito!" O pior de tudo era que não conseguia brigar com sua companheira. Acabara de lhe dar o primeiro sorriso daquele domingo.

Sentou na cadeira, deixou a caneca do lado de seu teclado e se espreguiçou. Desejou muita coisa, por um milésimo de segundo. Depois, não quis coisa alguma. Achava que a vida tinha dessas coisas... E seja lá qual fosse o motivo de sua existência, estava ali para sê-la, não pedi-la.


Monday, January 16

Celeste e seu futuro em paz


Ela não tinha certeza do que seria... Mas sabia exatamente o que gostaria de ser. Era engraçado, porque, não desejava a vida de outras pessoas. Não queria ser uma cantora famosa ou se tornar um gênio contemporâneo...

Algumas pessoas seriam capazes de afirmar, inclusive, que nada era suficiente. Ela sempre enxergava lacuna na vida dos outros, nada lhe cabia. Mas a resposta era mais humilde, na realidade: queria ter algo seu. Único. Sem fendas.

E não era mais uma questão de originalidade! Quando era mais nova, tinha mania de fazer certas coisas jamais testadas, era meio excêntrica. Até perceber que algumas pessoas olhavam atravessado, como se fosse doida por agir empolgada.

Passou a repensar algumas atitudes e descobriu que realmente não diziam muito da sua personalidade. "Originalidade forçada não é originalidade". Tenha uma boa ideia, execute, seja excêntrico por ela, não por agir sem contexto.

Então, e de volta a seu futuro, ela sabia o que não queria. Ela não queria, por exemplo, se tornar uma velha ranzinza antes do tempo. Tinha colegas que reclamavam de tudo, que ela jogava no grupo dos invejosos "mal amados". Não tinha outra explicação.

Às vezes, encontrava algumas pessoas mais distantes que viviam do culto à beleza. Certa vez, sua mãe comentou sobre o tempo, o espaço e preconceitos. A discussão fora incrivelmente positiva e a partir de então, começou a amar, especialmente, seus defeitos.

Gostava de cartas, dos correios, das encomendas! Ela não podia negar. Achava diferente. A "surpresa humilde". Gostava mesmo! Ela esperava ter selos, cartas e correio pelo resto da vida! Palavras! Quem se preocupa com uma coisa dessas?

Ela adorava conversar, então, esperava manter alguns amigos. Aprendeu, também, que alguns partiriam. "E o melhor é deixar que partam. Quando a gente insiste em amizades com pessoas que não evoluem, é estressante e raramente vale a pena, no fim das contas."

Inclusive, chegou a conclusão de que, no futuro, desejava o próprio bem. Uma vida tranquila, com encontros saudáveis (de vez em quando) para rir dos problemas. Afinal de contas, "fazer o quê?". E quem perde mais? Quem critica a atitude dos outros ou quem aproveita o que a vida manda?

(RECOMENDO VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO DISPONIBILIZADO ABAIXO!)


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 "E assim elas tentam te jogar pra baixo pra equivaler você à mediocridade delas, pra que elas não tenham que lidar com essa mesma mediocridade que elas têm. Pra que elas não tenham que reconhecer isso nelas. E toda vez que você ousar reconhecer que você faz qualquer coisa melhor que elas (que você se esforça mais, que você estuda mais, que você é mais criativo, que você é mais inteligente, qualquer coisa), mesmo que você tenha que falar da forma mais implícita possível, as pessoas vão te atacar por isso. Elas vão te odiar por isso porque elas precisam que você seja bom, mas elas querem que você se sinta tão medíocre quanto elas."

Tuesday, January 10

Metáfora da calabresa


Isso é bem cômico: ontem à noite, comi mini-pizzas de calabresa, com calabresa. Explico: quando tem na geladeira, sempre tiro parte do orégano e a calabresa. O orégano porque vem sempre excessivo e dá uma sensação de areia na boca... A calabresa porque sempre acho que não está no ponto.

Então, por algum instinto, deixei a calabresa dessa vez. E estava uma delícia, no ponto, no tamanho ideal. Mastigava procurando por ela na boca. "Hummmmm!" Então veio a lógica da coisa, mais uma vez, ha-ha, fazer sentido a quem merece: provando algo que não queria, mocinha?

Saiu do controle. Por incrível que pareça, não estou agindo como alguém que deve seguir as regras que impôs a si mesma, simplesmente aconteceu. Quando terminei de comer, com o prato no colo sujo de mostarda, percebi que agi pelo desejo e... não questionei porcaria alguma.

Estamos há 10 dias no ano novo... E, apesar de qualquer coisa, não estou esperando coisa alguma. Deu para entender? Talvez o grande segredo no "carpe diem" seja este. E nunca gostei dele, nem das pessoas que resolvem usá-lo. É tão hippie-sujo, de quem não se importa com nada.

Eu me importo! Eu quero um futuro bom! Posso escrever sobre coisas não muito agradáveis (às vezes? Geralmente?), mas, e por que eu tenho que preencher as linhas com uma falsa imagem, se as redes sociais já são uma verdadeira overdose? A melancolia não é depressão.

Celeste é uma pessoa que admiro. É um personagem, todo mundo sabe, mas eu gosto muito. Ela não é depressiva, é melancólica. E a melancolia dela, a meu ver, é cômica. Celeste é a cópia idêntica da Renée Zellweger como Bridget Jones cantando "All By Myself"

Então, e de volta a metáfora calabresa, o que tenho para dizer é que, o que a gente tem bom só tem valor porque a gente conhece o lado ruim. Algumas decepções validam amizades, novos amores! O trabalho valida a diversão, a solidão à companhia. A melancolia à agitação, às festas, o "sacudir!".

Que parte de Celeste você não conhece? Quero dizer, já pensou nisso? Ela tem... semanas inteiras, uma vida, finais de semana... E, obviamente, revela 10% (menos? Talvez um pouco mais?) do seu tempo, quando o faz. Celeste conta história de marcas. Mas só fala delas quando lembra.

Neste ponto, somos iguais. Esse post é culpa da calabresa.

Saturday, January 7

Celeste e seu personagem


Celeste acordou depois do meio-dia. Seu cabelo, desgrenhado, como sempre, estava oleoso, mas cheirosos. A blusa cinzenta tinha várias crostas, mas ela só conseguiu identificar três: Doritos, molho shoyo (como de costume) e pasta de dente.

As janelas estavam molhadas porque uma tempestade caiu pela noite. De madrugada, com muito frio, levantou no escuro e pegou um cobertor. Percebeu que derrubou alguma coisa, mas voltou para a cama com muito sono... Descobriria pela manhã.

Sentada na cama, percebeu a miniatura da Torre Eiffel no chão, d'uma viagem recente à França. "Foi isso que derrubei?" Abriu a boca se espreguiçando e perdeu a linha do raciocínio olhando para o tom laranja na pele branquinha. "Sol!"

Ela nem gostava. O frio era um grande aliado! Usava até como desculpa. Esticou as pernas e observou os próprios pés enquanto murmurava "Someone Like You" da Adele. Abriu as mãos na resta da luz e observou as linhas pensando em possíveis leituras.

Levantou e foi para o banheiro tirando a roupa. O chão não estava frio. Esperar um choque término na sola do pé e não tê-lo foi a melhor coisa que lhe acontecerá em semanas! Ligou o chuveiro e ficou olhando sua nudez no espelho.

"Que merda é essa?" Na infância, gostava de praia, de bronze. Gostava de brincadeiras que tivessem adrenalina! Lembrou do esconde-esconde e de como corria para salvar todos! Era incrível! Os amigos gritando "corre, Celeste! Corre!".

As cortinas balançaram deixando escapar um feixe de luz que entrou no banheiro e iluminou metade do seu rosto. O estopim. "Meu Deus!" Ela pensou quando tudo aconteceu... e porquê tudo mudou... E não encontrou resposta alguma. Mas olhou para o quarto e viu o objeto no chão.

"Eu sei." Como era possível que tivesse deixado de ser quem era? Não tinha troféus, mas tinha vitórias incríveis! Por que o resultado fora assumir um personagem criado por si mesma? Um parasita no mundo, cheio de sonhos conformados pela frase: não vai acontecer. Sofra!

As mãos tremiam. O espelho embaçara. Seu corpo, nu, pedia socorro. Alguém estava gritando por ajuda lá dentro... dela. Sua respiração travou, desregulou... Ela saiu do banheiro, despida, suada, procurando um diário antigo para ler uma coisa do passado...

As regras mudaram no banho. Sua vida, a partir dali. Às roupas manchadas, o lixo. À comida congelada, o fim. À comédia romântica e seriados, ação. Às músicas, companhia. Aos finais de semana, rua. Às confraternizações, vodka. À vida, oportunidade.



New Moon Score soundtrack. 

Friday, January 6

SIM! SEXO!



Assisti a um filme ótimo! O engraçado é que todas as pessoas que eu resolvi comentar sobre a tal história, já tinham visto antes (também pudera: é de 2008).

Então, vem o seguinte: eu nem tinha ouvido falar a respeito! Nunca! Se já, não me recordo. E como eu tenho um lado "místico" apurado, acredito que as coisas acontecem quando devem.

Não quero alcançar o mérito religioso, nem sobrenatural, então, vamos pular direto para o meu comentário a respeito do filme "Sim, Senhor!" (Yes Man, Peyton Reed, 2008, EUA) com Jim Carrey.

Lá está Carl Allen, um rapaz de meia-idade, vivendo no piloto automático, no tédio. Um colega resolve chamá-lo para uma palestra... Que muda sua vida! Seu maior objetivo? Dizer "sim!" às oportunidades.

Vamos tentar em 2012?

[Esse post foi escrito no dia 29/12. Por algum motivo, não terminei, nem postei. Mas gostaria de continuar... porque... Bom, eu não vou fazer o link entre os dois assuntos, quero deixar a calhar, mas o que é óbvio está no que vem à seguir.]


Ontem, discuti a respeito de sexo e maturidade. Alguém acabou dizendo que sexo era sinônimo de maturidade. A verdade é que não. Sexo feito por alguém de 15 anos, não é maduro. Mas é sexo! Ou deixa de ser? E se não for, o que é?

Agora, o que vem a seguir faz um pouco mais de sentido: sexo é bom. Com amor, sem amor, no tesão, na curiosidade... no carnaval. E, certamente, deveria ser feito por quem têm maturidade. Mas tá aí... e você sabe o que é maturidade?

Acabei enroscada na virgindade... E encontrei um texto fannntástico da Martha Medeiros (texto 1 - final do post) que deve, em absoluto, ser levado em consideração para compreensão do que estou querendo discutir e do que realmente quero destacar.

Sexo não tem, de todo, a ver com maturidade. Nem o inverso. Sexo é sexo ("com amor, sem amor, no tesão, na curiosidade...") e quem acha que sexo é maturidade, de verdade, é mais imaturo do que pensa. "Oh, eu transo!" ("Ui, ele/ela transa!")

Tem gente que acredita em pesquisa medíocre, ri dos "lentos", dos virgens (virgens?). Copia trechos de escritores como Tati Bernardi e do Caio Fernando Abreu. Falando nela (que gosto muito, por sinal), já leram o trecho em que ela diz que acredita no sexo "com o amigo sem pau" (texto 2)? Eu tô com ela e nem vivo citando os outros por aí. 

Para quem não se entrega "fácil", deixa eu dizer uma coisa: maturidade também é sinônimo de paciência, de tomar a melhor decisão. Sexo "verde" é feito quando perder a virgindade, romper o hímen e ser mulher é modinha. É sexo imaturo. O sexo que dá ilusão de casamento, como se convívio fosse uma noite com alguém no final de semana.

A minha opinião formada a este respeito é de que sexo é bom (é bom mesmo!) e abstinência não é abstinência até experimentar do "negócio"! Depois, é outra história! Eu olho para o mundo e acho que tudo tem se mostrado tão diversificado e semelhante que não consigo compreender porque tantas pessoas levam a transa como status.

Encontrei alguns textos que ficam justificando porque transar no primeiro encontro não é feio... Ou que... não quer dizer que a mulher seja puta... Ou que... "essas mulheres são para casar"... O que eu acho é que os próprios "transões" do primeiro encontro buscam uma desculpa para aceitar a si mesmos. Se você faz, assuma! Divirta-se! Por que se preocupar?

Aqueles que se gabam de sexo, cresçam! Sexo é sexo! "Com amor, sem amor, no tesão, na curiosidade..." É SÓ SEXO! Comunicação, convívio, confiança, lealdade, relacionamento, maturidade (...), é outra coisa!

Mensagem passada! Construam a ponte como acham que devem! Meus lemas para 2012 continuam de pé! 



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Texto 1

Os virgens

(...) Quando falamos em virgindade, logo pensamos em sexo, e a partir do dia que o experimentamos, o mundo parece perder seu mistério maior. Não somos mais virgens! Que grande ilusão de maturidade.

Virgindade é um conceito um tanto mais elástico. Somos virgens antes de voltar sozinhos do colégio pela primeira vez. Somos virgens antes do primeiro gole de vinho. Somos virgens antes de ver Paris, Somos virgens antes do primeiro salário. E podemos já estar transando há anos e permanecermos virgens diante de um novo amor.

Por mais que já tenhamos amado e odiado, por mais que tenhamos sido rejeitados, descartados, seduzidos, conquistados, não há experiência amorosa que se repita, pois são variadas as nossas paixões e diferentes as nossas etapas, e tudo isso nos torna novatos.

As dores, também elas, nos pegam despreparados.A dor de perder um amigo não é a mesma de perder um carro num assalto, que por sua vez não é a mesma de perder a oportunidade de se declarar para alguém, que por outro lado difere da dor de perder o emprego. Somos sempre surpreendido pelo que ainda não foi vivido.

Mesmo no sexo, somos virgens diante de um novo cheiro, de um novo beijo, de um fetiche ainda não realizado. Se ainda não usamos uma lingerie vermelha, se ainda não fizemos amor dentro do mar, se ainda cultivamos alguns tabus, que espécie de sabe-tudo somos nós?

Eu ainda sou virgem da neve, que já vi estática em cima das montanhas, mas nunca vi cair. Sou virgem do Canadá, da Turquia, da Polinésia. Sou virgem de helicóptero, Jack Daniels, revólver, análise, transa em elevador, LSD, Harley Davidson, cirurgia, rafting, show do Lenny Kravitz, siso e passeata. A virgindade existencial nos acompanha até o fim dos nossos dias, especialmente no último, pois somos todos castos frente à morte, nossa derradeira experiência inédita. Enquanto ela não chega, é bom aproveitar cada minuto dessa nossa inocência frente ao desconhecido, pois é uma aventura tão excitante quanto o sexo e não tem idade para acontecer.

Martha Medeiros


Texto 2

Algumas mulheres acreditam no sexo com o pau amigo, o homem limpinho que aparece de vez em quando só pra dar uma comidinha e tchau. Eu acredito no sexo com o amigo sem pau. O homem que aparece de vez em quando e te busca em casa, abre a porta do carro, elogia sua roupa, escolhe os melhores ingressos, faz você morrer de rir, conversa sobre tudo, dá conselhos, cuida de você, sobe com você até seu apartamento, curte um som, dorme de conchinha, te abraça forte e…vai embora. Isso sim é dar uma, ao meu ver.

Tati Bernardi

Sunday, January 1

O amanhã é agora!


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...
Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares...

É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado... para sempre...
À margem de nós mesmos...

Fernando Pessoa



Ótimo 2012, leitores, amigos, apaixonados, amantes, sonhadores, companheiros, distantes, familiares, tímidos... e qualquer outro perfil que costume acessar o eSPELHO iNVERSO! Desejo continuar trazendo posts cheios de palavras interessadas em conquistar vocês. Saem do profundo mais íntimo direto para o espaço que zelo e tenho o maior apego.

Celeste? Bem, Celeste foi atropelada... (Horrível, né?) Mas ela tirou proveito da situação e está bem feliz com tudo. Seu joelho nunca mais será o mesmo... E quem se importa? Quando ficar bem velhinha e não conseguir andar, não vai precisar usar bengala. Terá outro tipo de apoio. Haaa-haaa!