Friday, February 20

Eu escrevo, tu lê, nós discutimos


Primeiro rabisco o que pode agradar em três folhas do caderno. Depois, amasso o primeiro, rasgo o segundo, risco o terceiro e resolvo desistir.

A cabeça dá uma laterjada de leve e olho em volta. Todas as coisas permanecem paradas. Como uma espera tensa pelo que poderá vir em seguida.

A mão já está no queixo e na vesguice, examino o próprio nariz. Meus olhos alcançam a ponta dos dedos encostados no lábio inferior. Ainda seguro a caneta. Talvez, não tenha desistido.

O papel amassado está no chão... sinônimo duplo de agressividade. O segundo, rasgado em vários pedaços, no canto da cama. O último: embaixo do caderno, balançando devagar com o vento que vem da janela.

Ainda de bruços, penso no tempo e me dou conta de que não tenho relógio... Finco as unhas na cabeça e coço o cocoruto: droga! O que falta? Papel, caneta, cabeça... palavras. Sentidos.



Espero o som do assobio irritante se dissipar dentro e fora da minha cabeça. Os olhos ardem e lamento não me encaixar no paradigma do abstrato - audível - tocável - sonoro - provável... Mas não é uma boa idéia tocar neste assunto. Quase me arrastou para o fim. Lembra?



As I Lay Me Down - Sophie B. Hawkins (continua!)
Esse texto foi escrito não sei que dia, nem porque. Imagino que estivesse desgostosa com mais alguma coisa que havia tentado escrever... Provavelmente era 2005. As folhas eram do Bob Esponja e usei esse caderno naquele ano de universidade. O fato é que, fazendo uma organização daquelas em tudo que tinha sobre as diversas coisas que já escrevi, encontrei esses escritos e considerei compartilhável. Espero que tenham gostado, foi escrito para nós, que-também-escrevemos.

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